12 de maio de 2007

uma morte digna e humana


Um médico, professor numa prestigiada faculdade de Medicina, dirige-se aos seus alunos. Fala-lhes da necessidade de manter a mente aberta e de rever velhos clichés que a passagem do tempo ameaça declarar obsoletos. Fala-lhes, em suma, da necessidade de a humanidade e, em concreto, a profissão médica, começem a aceitar a ideia de uma morte digna e, mais do que isso, libertadora, em alguns casos limite.

Para convencer o seu auditório, o médico cita-lhes um caso real, de um dos seus pacientes, precisamente aquele que o fez repensar as suas opiniões sobre a eutanásia:

- Reparem, o meu doente não funciona por si próprio: não fala, não entende nada do que lhe dizem, sofre terríveis depressões, acessos incontroláveis de choro, que às vezes duram minutos ou até horas, com grandes espasmos de dor. Incontinente do aparelho urinário e dos intestinos, precisa que lhe mudem continuamente a roupa. A sua digestão é problemática e é rara a vez que não termina em vómitos.

Sinceramente, isto é vida? Não seria melhor libertar o meu doente do seu horror e a sua família do sofrimento de estar pendente de uma pessoa assim, com a qual é impossível conviver?

O professor submeteu a sua proposta à votação e a maioria dos alunos presentes, após se referirem à eutanásia activa, passiva e esboçarem uma série de considerações, decretaram que sim, que o mais humano era libertá-lo do seu horror.

O professor, então, empenhou-se em mostrar uma fotografia do paciente. Introduziu um diapositivo na máquina e todos os presentes puderam contemplar, no quadro de projecção, um bebé de seis meses, rechunchudo e saudável.


"numa aula da Faculdade de Medicina da Universidade de Navarra, quando muitos alunos já se tinham decidido pela tese humanista: libertar a criatura dos seus sofrimentos e dores"
(Tradução de Manuel Brás)

9 de maio de 2007

7 de maio de 2007

Descoberto o gene que provoca a depressão


Escrito por Sérgio Ferreira
02-Mai-2007


Uma deficiência no gene DISC1 pode originar o aparecimento da esquizofrenia e da depressão, indicam estudos efectuados em ratos, conduzidos por uma equipa de cientistas internacionais e publicados no jornal Neuron, escreve a Lusa.

O gene DISC1 foi identificado no ano 2000 numa família escocesa com um passado de doenças mentais, mas ainda pouco se conhece sobre a forma como a mutação deste gene pode provocar problemas mentais.

A esperança está em reproduzir esta deficiência genética em ratos, de forma a serem utilizados como cobaias para os tratamentos seguintes.

Os investigadores modificaram quimicamente este gene e reintroduziram-no nos animais.

O gene DISC1 mudou de forma diferente consoante os ratos: um grupo de roedores desenvolveu os sintomas da esquizofrenia, como falta de atenção e défice de memória, e o outro grupo desenvolveu sintomas de depressão.

O primeiro grupo foi tratado com neurolépticos como o Haldol e a Clozapina e o outro grupo com anti-depressivos como o Zyban.

Em ambos os casos, os ratos modificados geneticamente melhoraram.

O professor David Porteous, presidente da Universidade de Edimburgo, sublinhou que este estudo fortalece as pesquisas anteriores segundo as quais existe uma relação entre este gene e a esquizofrenia, a depressão e as doenças maníaco-depressivas.



in: http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=804041&div_id=291

6 de maio de 2007

A todas as mães um feliz dia...



No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.


Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro