16 de fevereiro de 2005

E Jerónimo foi-se...

... deixando o lugar vazio, num claro sinal do desgaste da campanha.
Não sei se é inédito, é provável que seja, mas causou-me ontem uma sensação de profunda estranheza assistir ao líder de um partido, abandonar o chamado "debate final" por falta de voz.
Não estava afónico.
Tinha de fazer sim um maior esforço para falar.
A voz.
Esse singelo instrumento de comunicação tão maltratado na campanha, entre o calor dos jantares e o frio dos comícios, puxada ao limite da gritaria para se fazer ouvir por entre as palmas e as frases de ordem das coloridas ondas partidárias.
Mas ironia.
No debate televisivo, com o país a ver, a voz traiu Jerónimo.
Como o calcanhar, que traiu Aquiles.
A maioria talvez não concorde comigo.
A maioria talvez considere que o país se solidarizou com o percalço, que teve pena e simpatia pelo dirigente comunista e que sendo o discurso do PCP já conhecido, a falta de voz de Jerónimo pode tê-lo ajudado, mais do que prejudicado.
Pode ser que sim.
Mas ontem, aquela saída a meio, revelou um sinal de fraqueza (mesmo que involuntária), de abandono.
A voz traiu Jerónimo.
E Jerónimo rendeu-se.
Não lutou, não fez das fraquezas força.
O PCP habituou-nos a isso, muito por causa do que passou nos tempos da clandestinidade.
Ir à luta.
A luta continua.
A luta... sempre.
São máximas históricas.
Para Jerónimo, a saída até pode ter sido a melhor estratégia eleitoral.
Mas é suposto que os líderes caiam de pé.
E naquele momento lembrei-me de Cunhal.

Até já
Clara de Sousa




Onde estaria o anjo do Candidato de Esquerda da CDU... Devia estar nalgum comício a sua procura... Porque se calhar nem ele sabe quem é o senhor...

1 comentário:

Anónimo disse...

Naquela altura fez falta a Odete Santos seria um grande debate.